E depositou todo o seu amor e carinho
Dentro do jardim florido da futura genitora.
O Cara da semente tinha boas intenções,
Embora a sociedade não o visse assim.
O Cara da semente,
Enquanto jovenzinho
Planejava a vida com viradas de noites,
Bebendo café preto,
Conhecendo alucinógenos e ouvindo Rock in roll.
O Cara da semente era introspectivo, antissocial e realista,
Embora tentasse, volta e meia, fugir da realidade.
O Cara da semente tinha como melhores amigos
Os Beatles e os Rolling Stones,
Apesar de saber que ambos nem soubessem de sua existência.
O Cara da semente viveu intensamente,
Viajou o Mundo sem sair do quarto,
Conheceu o Hitler através dos livros,
Aprendeu inglês sozinho e arriscou um francês.
O Cara da semente conheceu lindas mulheres,
Poucas tiveram o seu amor.
Um dia uma de suas sementes foi plantada
no jardim florido da futura genitora, sob a luz do Luar.
O Cara da semente escreveu um livro inteiro,
Sem uma caneta, sem um caderno,
Sem nada que pudesse registrar por escrito.
Então o Cara da semente encerrou seu livro,
Ao cerrar seus olhos,
Eternamente.
Suas sementes cresceram, tornaram-se árvores.
Os frutos ainda estão em desenvolvimento,
Sem saber ainda, exatamente, que espécie de árvores são,
Porém, quando planta-se com amor, os resultados são sempre bons.
As sementes estão escrevendo uma nova história,
Ou continuando o livro que ficou gravado em nossas memórias.
Anna Karla Veloso.
Que frutos desconhecidos e de singularidade bonita que ele fez germinar pra gente aproveitar. Eu sempre achei que o cara da semente tinha mesmo uma coisa pulsante sem nome, uma inquietude que ninguém conseguia entender, a mesma coisa que todo mundo, na minha opinião, já germina tendo mas depois expulsa de si.
ResponderExcluirAcho que eu vou reler esse teu texto muitas vezes e provar do meu próprio sal. Cutucar a lembrança do pouco contato animado que o cara da semente me causava. O cara da voz rouca e arrastada, sem jeito de se aproximar, falando mais alto e sorrindo com a escassez tão bonita que só ele tinha mas que a maioria nem parava pra observar.
Eu observava, quase sempre em silêncio com a boca lotada de sandubas na madrugada ou em concordância com as informações que ele possuía e repassava em forma de antigos sons. Assuntos diversos contigo por perto. Sempre contigo que, por sinal, é a extensão dessa semente, o fruto mais sinônimo do absurdo de cara que ele era.
Ê, Carlota. <3